terça-feira, 15 de setembro de 2009

Iskra


Fio desencapado pedindo toque.
O olho analisa.
Visão e tato, porém, discrepam.
O que o olho sabe a mão não pode saber; e vice-versa.
O cérebro, parco mediador, pois cúmplice de ambos, hesita.
A mão se move.
(Deve haver vida, deve haver vida).
De que vale o raio no céu.
De que vale o fogo na terra.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Mecanismos


Relógio parado.
O tempo não.
Nem pra ele, nem pra mim.
Recoloco-o à volta do pulso.
Há uma reação: o pulso comunica tempo ao mostrador.
Milagre.
E volto a caminhar pé ante pé.

domingo, 13 de setembro de 2009

Sparagmós e Paideia


Pilha velha de cds.
Tanto tempo e estavam grudados.
O som que sairia era e... e... e... e...
E um.
Ouvi, esquartejado por inteiro.

sábado, 12 de setembro de 2009

Send in the sand


Beira-mar.
Do mar, a casa.
Da casa, o mar.
De manhã, de tarde, de noite.
De novo: de manhã, de tarde, de noite.
O olho, que alternava de um extremo a outro, postou-se no meio.
Olho de areia.
A casa ficou mais casa, também mais ficou o mar.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Horizonte


Balão de todas as cores em jardim começou a subir.
Entre criança feliz de braços erguidos e céu.
Infinito foi o tempo, após o início e antes do fim.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Faxina


Ex-travesseiro.
Rescaldo de travessuras.
Pode abrigar aranhas.
Ou.
A empregada tergiversa.
Encontro de abandonos, porém – ela e o travesseiro.
Antes do lixo, o restolho lembrou velho idílio: ao lado de homem em quarto quente esperando não sei quê.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Echoes


Boia em alto mar.
Carcomida por vento sal sol chuva.
E.
Equilibrada entre onda e onda, abandono e aceno.
Um barco a tocou e colheu invisível deriva.